(RE) VISITANDO OS CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM
Eloise C. T. Freitas Brustolin
RESUMO
Este artigo tem como objeto de estudo o conceito de avaliação de aprendizagem sob a ótica dos
principais autores que escrevem sobre o tema. O objetivo é (re) visitar e analisar tais conceitos para
compreender a função das práticas avaliativas no processo educativo. A metodologia de pesquisa
adotada foi de abordagem qualitativa com estudo de revisão bibliográfica para responder a seguinte
questão: como a avaliação de aprendizagem deve ser entendida e sistematizada por professores em
suas práticas educativas? Os resultados da investigação apontaram que apesar de vários conceitos e
concepções, o ato de avaliar é indispensável ao processo de ensino-aprendizagem, especialmente,
considerando que a avaliação tende a subsidiar a construção desse processo.
Palavras-chave: Práticas avaliativas. Concepção de avaliação. Processo de ensino-aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A avaliação é muito discutida nos dias atuais, ela está presente em todas as
esferas sociais e, em situações mesmo que cotidianas, estamos sempre a avaliar.
Contudo, é no espaço escolar ela se encontra mais presente e as diferentes
concepções do conceito de avaliar o estudante podem refletir em seu processo de
aprendizagem.
Apesar de um tema atual e presente, nota-se que ainda é necessário
compreender o que é avaliação no processo educativo de modo a ressignificar esta
prática no contexto escolar. Para isso, torna-se fundamental se aprofundar nos
conceitos de avaliação em referenciais teóricos compreendendo as vozes dos autores
que embasam esta temática.
Ao desenvolvermos tal estudo, o objetivo principal é (re) visitar os conceitos e
concepções descritas pelos autores, Ivo José Both, Ana Caldeira, Pedro Demo, Jussara
Hoffmann, Luckesi, Libâneo, Perrenout, Vasconcellos e Wachowicz & Romanowski
para compreender a função da avaliação e com isso, pretende-se dar resposta à
problemática que nos trouxe à pesquisa: como a avaliação de aprendizagem deve ser
entendida e sistematizada por professores em suas práticas educativas?
METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa é de abordagem qualitativa e a investigação toma
por referência estudos de revisão de bibliográfica. A pesquisa elege mapear os
conceitos de avaliação apontados por principais autores que escrevem sobre a
temática. Utilizou-se livros, artigos e outros materiais como base teórica para
responder à problemática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os materiais bibliográficos selecionados no percurso da pesquisa,
destacaram-se importantes autores que apresentam conceitos fundamentais sobre a
avaliação de aprendizagem no processo educativo. Um recorte expressivo destes
conceitos foi elaborado a partir da (re) visita às concepções encontradas.
Sob a ótica dos autores, podemos compreender o principal papel da avaliação
no processo de ensino e aprendizagem.
A avaliação na concepção de Ivo Both (2007), vem atrelada ao processo, onde
se direciona a qualidade do desempenho sobre a quantidade de atividades propostas,
tanto para o aluno quanto para o professor, ficando em um processo comparativo.
Porém, na visão do autor, o foco principal é a qualidade do ensino, ultrapassando os
limites da verificação
De acordo com Caldeira (2000, p. 122) “a avaliação escolar é um meio e não
um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma
determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual (…)”.
Para Demo (1999, p.01),
Refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos
etc. Daí os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados estejam
sempre subordinados a finalidades e objetivos previamente estabelecidos
para qualquer prática, seja ela educativa, social, política ou outra.
Hoffmann (1996, p.148) esclarece,
[…] entendo que a avaliação, enquanto relação dialógica vai conceber o
conhecimento como apropriação do saber pelo aluno e pelo professor, como
ação-reflexão-ação que se passa na sala de aula em direção a um saber
aprimorado, enriquecido, carregado de significados, de compreensão.
(p.148).
De acordo com Luckesi (2005) “a avaliação tem sido definida como um juízo de
valor, sobre dados relevantes, para uma tomada de decisão”. Ou seja, a avaliação só
tem sentido para que se tomem decisões após o julgamento de valor, deixando de
lado a sua dimensão burocrática. A avaliação, assim entendida, permite manter o
planejamento ou redimensionálo com vistas à melhoria da qualidade do ensino para
melhor adequar o ensino aprendizagem. Avaliar, portanto, significa examinar o grau
de adequação com base num conjunto de informação e de critérios apropriados aos
objetivos previamente elaborados para uma tomada de decisão.
Libâneo explica que avaliar é uma tarefa complexa e que não pode se resumir
a aplicação de provas e atribuições de resultados de forma quantitativa. O qualitativo
deve se sobrepor ao quantitativo, assim, “a avaliação cumpre funções pedagógicodidáticas,
de diagnostico e de controle em relação as quais se recorrem a instrumentos
de verificação do rendimento escolar.” (LIBÂNEO, 1997, p. 195).
Segundo Perrenoud (1999), “a avaliação da aprendizagem, no novo
paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra
intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos”.
Vasconcellos descreve que as concepções contemporâneas priorizam a
avaliação do processo de construção do conhecimento, confirmando que esta
processo se dá através de três momentos: síncrese, análise e síntese. O professor
vai acompanhando a construção do aluno e percebendo o nível em que o mesmo se
encontra (mais ou menos sincrético), bem como “as elaborações sintéticas, ainda que
provisórias, possibilitando a interação na perspectiva de superação do senso comum”
(VASCONCELLOS, 2005, p.72).
Wachowicz & Romanowski (2002), apontam embora historicamente a questão
tenha evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais comum na maioria das
instituições de ensino ainda é um registro em forma de nota, procedimento este que
não tem as condições necessárias para revelar o processo de aprendizagem,
tratando-se apenas de uma contabilização dos resultados.
CONCLUSÕES
Para aprender a avaliar, faz-se necessário aprender os conceitos teóricos do
que é avaliação e além disso, é preciso exercer no cotidiano da prática escolar, atos
e atitudes (LUCKESI, 2011). Portanto, há uma necessidade de reflexão constante,
em relação a prática avaliativa docente, num processo contínuo de questionamento.
O conceito de avaliação da aprendizagem, à luz dos autores estudados,
apresenta interpretações que podem divergir das atuais práticas docentes. Muitos
professores e profissionais de educação ainda não compreendem o real
significado da avaliação, atribuindo a ela valor punitivo, de ameaça, voltado
exclusivamente para uma classificação. Com tal estudo, foi possível compreender que
a avaliação não é fim e sim um processo diagnóstico, sistemático, contínuo e que
sendo ressignificada e fundamentada nas práticas docentes, contribui para a melhoria
do processo de ensino aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BOTH, Ivo José. Avaliação planejada, aprendizagem consentida: a filosofia do
conhecimento. 1ª Edição, Curitiba, PR: IBPEX, 2007.
CALDEIRA, Anna M. Salgueiro. Avaliação e processo de ensino aprendizagem.
Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 3, p. 53-61, set./out. 1997
DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. 6a ed., Campinas SP: Autores Associados,
1999
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora. Porto Alegre: Editora
Mediação, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. A avaliação escolar. In: Libâneo, J.C. Didática. São Paulo:
Cortez, p.195,1997.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e
proposições. 17. Ed. São Paulo: Cortez, 2005.
LUCKESI Cipriano Carolos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.
22ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação da aprendizagem – entre
duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999
VASCONCELLOS, Celso. Avaliação: concepção dialética libertadora do processo de
avaliação escolar. 15. Ed. São Paulo: Libertad, 2005.
WACHOWIZ L. A. ROMANOWSKI J. P. Avaliação: que realidade é essa? Revista da
Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior. Campinas – SP: ano 7, n.02,
p.81-100, jun.2002.